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Os conceitos de sujeito e identidade têm, pois, dupla face: para a explicitação de ambos é necessário considerar não só o indivíduo em si, mas igualmente os outros seres, com os quais se mantêm relações de dependência.
Por isso mesmo, a noção de sujeito fundamenta-se em dois princípios, inseparáveis e associados, o princípio da exclusão e o da inclusão.
O princípio da exclusão baseia-se na instituição do “eu” como elemento único e central: é a consciência da individualidade e da subjetividade. Mas a exclusão pressupõe a inclusão, pois o “eu” só existe em função do outro com o qual mantemos relações (“você”) e de outros seres com os quais nos integramos (“nós”). Em outros termos, pode-se admitir que o ser humano – dotado de linguagem e cultura – institui-se a si mesmo como um ser único (o “eu”, seguramente, não tem plural, mas, do mesmo modo, ele não pode deixar de levar em consideração o interlocutor (“você”) e o grupo no qual ele se insere (“nós”). O “eu” isolado não existe, porque o sujeito e o outro se complementam e é nessa complementaridade que o ser humano pode exercitar a sua liberdade, como tal entendida a capacidade de escolha.
Este trabalho discute as marcas indicativas da presença explícita do “eu” e do “outro” em diálogos simétricos.
O componente interpessoal tem importância particular nos textos conversacionais, pois neles tende a existir uma relação simétrica entre os interlocutores. Por isso mesmo, as marcas de pessoalidade constituem um traço intrínseco dessa modalidade de texto e, assim, não necessitam ser assinaladas por expressões conversacionais e recorrentes, como é o caso dos marcadores conversacionais.